Família aguarda há cinco meses por vaga em creche próxima de casa e enfrenta jornada exaustiva em São José dos Campos
Desde o dia 5 de fevereiro, uma mãe solo, Roberta dos Santos Fonseca, moradora do Jardim América, na zona sul de São José dos Campos, vive uma verdadeira maratona diária para garantir o direito à educação da filha mais nova, Valentina Teixeira, de 3 anos. Ela está há cinco meses na fila aguardando uma vaga em uma creche próxima à sua residência — mas até agora, não obteve resposta positiva da Prefeitura. Enquanto isso, precisa gastar entre R$ 100 e R$ 140 por dia com transporte por aplicativo para levar e buscar a filha em uma creche no bairro Pousada do Vale, do outro lado da cidade.
A mãe tem duas filhas: uma delas conseguiu vaga no CEDIN João Lopes Simões , no Jardim Oriente, mas a outra não. O critério oficial da Secretaria de Educação prevê prioridade para irmãs ficarem na mesma unidade ou pelo menos em unidades próximas. Porém, não é o que acontece na prática. A filha mais nova continua na creche do Pousada do Vale, que fica depois do Campo São José, a cerca de 20 quilômetros de distância do Jardim América — um trajeto que, no horário de pico, pode levar até uma hora.
Sem carro, sem rede de apoio e sem alternativa viável de transporte público, a mãe — que é autônoma — não tem outra saída a não ser recorrer ao Uber para cumprir o trajeto todos os dias. “Eu não posso tirar ela da creche, senão o Conselho Tutelar me aciona judicialmente por negligência. Mas eu não consigo arcar com esse custo diário. Já pedi ajuda, já fui ao Conselho Tutelar, já procurei vereadores e estou há cinco meses esperando por uma vaga perto de casa”, relata, emocionada.
Além do gasto exorbitante com transporte, a mãe ainda enfrenta cobranças por atrasos na entrega e retirada da filha, causados pelo trânsito pesado entre as zonas sul e leste da cidade. Segundo ela, já chegou a ser repreendida pela diretoria da unidade, que alegou negligência.
O caso expõe a fragilidade da política pública de distribuição de vagas nas creches do município e os impactos diretos na vida de famílias em situação de vulnerabilidade. A mãe cumpre todos os critérios exigidos pelo sistema de classificação social da Prefeitura: é responsável sozinha por duas crianças, sem rede de apoio e ainda assim, a vaga não foi concedida até agora — nem sequer de meio período — em nenhuma unidade próxima ao Jardim América.

Ainda de acordo com o critério da Prefeitura, crianças que se inscreveram depois estão na frente na lista de espera, mesmo não cumprindo critérios sociais ou de terem irmãos na escola.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação de São José dos Campos foi acionada para prestar esclarecimentos sobre o caso e informar se há previsão de atendimento para a criança. Assim que a resposta for enviada, esta matéria será atualizada.
Pelo Bem Vale